ATA DA
QÜINQUAGÉSIMA SEXTA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEXTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA
NONA LEGISLATURA, EM 09.06.1988.
Aos nove dias
do mês de junho do ano de mil novecentos e oitenta e oito reuniu-se, na Sala de
Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua
Qüinquagésima Sexta Sessão Ordinária da Sexta Sessão Legislativa Ordinária da
Nona Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos, constatada a existência
de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou que
fossem distribuídas em avulsos cópias das Atas da Qüinquagésima Quarta e da
Qüinquagésima Quinta Sessão Ordinária e da Décima Terceira Sessão
Extraordinária, que foram aprovadas. À MESA foram encaminhados: pela Comissão
de Urbanização, Transportes e Habitação, 02 Projetos de Decretos Legislativos
nºs 07/88 (proc. n.º 1120/88), que aprova indicação de representante de
entidade junto ao Conselho Municipal do Plano Diretor de Desenvolvimento
Urbano; 08/88 (proc. n.º 1121/88), que aprova indicação de representantes de
entidades junto ao Conselho Municipal do Plano Diretor de Desenvolvimento
Urbano; pelo Ver. Antonio Hohlfeldt, 01 Substitutivo ao Projeto de Lei do
Legislativo n.º 37/88 (proc. n.º 748/88), que instituiu a passagem-baldeação no
transporte coletivo do Município de Porto Alegre; 01 emenda ao Projeto de Lei
do Legislativo n.º 36/88 (proc. n.º 743/88), que dispõe sobre a identificação
de veículos locados pelo Município; 01 Pedido de Informações, acerca das obras
de restauração da Usina do Gasômetro; pelo Ver. Ennio Terra, 04 Pedidos de
Providências, solicitando reposição de lâmpada queimada na Rua Dr. Francisco de
Sá Brito, em frente ao n.º 123, instalação de hidrantes para carro de bombeiro
nas Ruas Pedro Pereira de Souza, em frente ao n.º 97 e Dr. Francisco de Sá
Brito, em frente ao n.º 240 e instalação de um abrigo para passageiros de
ônibus na Av. Bento Gonçalves, em frente ao n.º 6305; pelo Ver. Hermes Dutra,
01 Pedidos de Informações, acerca dos equipamentos de diversão (roda-gigante, carrossel,
autochoque, etc.), instalados no Parque Farroupilha, ao longo da Av. José
Bonifácio; pelo Ver. Jorge Goularte, 01 Pedido de Providências, solicitando
reparos no piso da ponte sobre o Riacho Ipiranga, em frente à PUC; pelo Ver.
Mano José, 02 Emendas ao Projeto de Lei do Executivo n.º 28/88 (proc. n.º
1010/88), que estabelece o Plano de Carreira do Magistério Público Municipal,
dispõe sobre o respectivo Plano de Pagamento e dá outras providências. Do
EXPEDIENTE constaram: Ofícios-Circulares nºs 03/88, da Câmara Municipal de
Farroupilha; 03/88, da Câmara Municipal de Esteio; Telegramas do Presidente da
UPMESP; da Presidente do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher. Em
COMUNICAÇÕES, o Ver. Valdir Fraga congratulou-se com a Comissão de Educação da
Assembléia Legislativa do Estado, por visitas feitas a algumas escolas de Porto
Alegre, tecendo comentários sobre as precárias condições em que se encontram
várias escolas estaduais do Município. Criticou a implantação, pelo Governo do
Estado, do Quadro de Professores por Escolas, destacando a época inadequada e
os problemas resultantes dessa implantação. A Verª Teresinha Irigaray declarou
estar encaminhando Projeto de criação do Corpo de Baile Municipal, discorrendo
acerca do conteúdo e da importância desse projeto e salientando o significado
de Porto Alegre como um dos mais importantes pólos culturais do País. O Ver.
Flávio Coulon discorreu sobre os cinemas existentes em Porto Alegre,
salientando as péssimas condições apresentadas pelos mesmos, com defeitos de
projeção, som e limpeza. Questionou acerca dos responsáveis pela fiscalização
dos cinemas de Porto Alegre, comentando os altos preços cobrados pelas sessões
cinematográficas e atentando para a necessidade da busca de medidas que
solucionem ou, pelo menos, melhorem essa questão. O Ver. Raul Casa falou sobre
os sistemas de transportes urbanos do País, discorrendo, em especial, sobre as
formas como são denominadas as linhas percorridas pelos ônibus em Porto Alegre
e defendendo a troca, nas placas denominativas desses veículos, dos nomes das
ruas por números, mais visíveis pelos usuários. O Ver. Brochado da Rocha
discorreu sobre o Plano de Carreira do Magistério Público Municipal, comentando
reuniões mantidas com lideranças dos professores, nas quais foi solicitado à
Casa que a votação desse projeto ocorresse sem emendas e até o dia quinze do
corrente mês. Analisou a importância desse Plano para o magistério público
municipal, declarando que uma demora maior para sua votação resultará em um
ônus muito negativo para a Casa. O Ver. Paulo Satte falou da morosidade com que
progridem as obras de canalização das Avenidas Toledo Piza, 21 de Abril,
Alcides Maia e da Rua “C” da Nova Brasil, declarando ter recebido denúncias de
moradores do local, acerca de irregularidades observadas no trabalho das
empreiteiras responsáveis por aquelas obras. Teceu críticas a Pedido de
Informações acerca dos períodos de Licença para Tratamento de Saúde tirados por
S. Exa., encaminhado à Casa pelo Ver. Antonio Hohlfeldt. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER,
o Ver. Flávio Coulon comentou operação que será empreendida na Cidade, de
retirada de material de propaganda irregularmente colocado nas ruas de Porto
Alegre. Falou sobre estudo que vem sendo realizado pelo TRENSURB, com vistas à
ampliação das linhas desse transporte, solicitando que essa ampliação englobe
não só as cidades de São Leopoldo e Novo Hamburgo, como está sendo buscado,
mas, também, a Zona Norte de nosso Município. A Verª Bernadete Vidal
reportou-se ao pronunciamento, de hoje, do Ver. Flávio Coulon, acerca da
possibilidade de ampliação das linhas de atendimento do TRENSURB, dizendo que
essa questão merece um estudo aprofundado da Casa. Congratulou-se com a
Associação de Cegos do Rio Grande do Sul, por estar promovendo, esta semana, um
curso de Revelação de Raio X, para deficientes visuais. Lamentou a pouca
participação de pessoas ligadas ao ramo da radiologia em palestra do professor
desse curso, realizada ontem, no Auditório do Ministério do Trabalho. O Ver.
Elói Guimarães comentou a aprovação, pelo Senado Federal, da regulamentação de
eleições municipais. Disse ser favorável a realização de eleições para
Prefeitos e Vereadores ainda neste ano mas que não aceita a criação de um
mandato-tampão de dois anos, com vistas a uma futura coincidência de eleições
gerais, analisando o assunto. Às quinze horas e cinqüenta e um minutos, nada
mais havendo a tratar, o Sr. Presidente levantou os trabalhos, convocando os
Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os
trabalhos foram presididos pelos Vereadores Brochado da Rocha, Rafael Santos e
Lauro Hagemann e secretariados pelos Vereadores Rafael Santos e Lauro Hagemann.
Do que eu, Rafael Santos, 2º Secretário, determinei fosse lavrada a presente
Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1ª
Secretária.
O SR. PRESIDENTE (Rafael
Santos): Passamos
às
Está com a palavra o Ver. Valdir Fraga.
O SR. VALDIR FRAGA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Primeiro, gostaria de cumprimentar a Comissão de Educação da
Assembléia Legislativa que, pela primeira vez, pelo menos, desde que estou
nesta Casa, há duas Legislaturas, que achou por bem, fazer uma visita em
algumas escolas estaduais, e por isso, vou cumprimentá-la. Esse procedimento já
deveria ter sido tomado há mais tempo. No primeiro momento, a Prefeitura
iniciou o levantamento técnico e funcional nas escolas estaduais, chegando ao
ponto de interditar uma média de 60% a 70% das escolas estaduais, que se
encontravam abandonadas, na sua estrutura, apodrecidas, sem as mínimas
condições para que um aluno de 1º grau pudesse freqüentar. Acho que a
caminhada, mesmo atrasada, da Comissão, ainda é válida, até porque, mesmo a
Prefeitura desinterditando algumas escolas, ainda existem muitas escolas sem condições
mínimas de funcionamento. Depois do fracasso, na rede escolar, do Governo do
Estado, vieram outras alterações na área dos professores, o QPE, como se chama,
as alterações nos quadros, transferindo professores de uma escola para outra,
tirando muitos professores que residiam próximo à escola, por serem professores
contratados, para outras escolas distantes de suas residências. Aí começaram a
aumentar os problemas na rede escolar do Estado. Não acho, afirmo que foi uma
insensibilidade do Secretário da Educação do Estado, Prof. Bernardo de Souza,
quando fez esta alteração exatamente no período onde se discutiam as
interdições. Feitas essas alterações, o que ocorre hoje? Escolas apodrecidas,
algumas reconstruídas e outras construções novas e assim mesmo não atingiu os
40% daquelas 70 escolas que foram interditadas. Aí vieram as alterações com os
professores, transferindo-os de uma escola para outra e distantes de suas áreas
residenciais. Problemas aumentados, professores desistindo de lecionar e o pior
o que está ocorrendo agora: estamos em junho e em julho já chegará o período
das férias e muitas escolas não têm professor. Cito algumas: Glicério Alves, em
Belém Novo; Coelho de Souza, no Lami, Evaristo Flores da Cunha, na Praça de
Belém Novo. Ontem, fui procurado por alguns pais dos alunos da Glicério Alves
que me diziam: meu filho não tem professor de Português nem de Matemática. Na
Flores da Cunha a diretora é obrigada a colocar os alunos que não tem professor
a fazer Educação Física. De tanta Educação Física, de tanto exercício, uma
criança desmaiou. Além de mal alimentada, é uma vergonha. Não tem aula no
primeiro horário, Educação Física, não tem a professora do segundo horário, aí,
mais Educação Física. Não tem a professora do terceiro horário, manda a criança
para a praça fazer Educação Física. O que aconteceu? Mal alimentada, a menina,
infelizmente, veio a desmaiar, aí quem socorreu foi a Ação Social da Igreja de
Belém. É uma vergonha, Ver. Nei Lima, quando é procurado o Secretário de
Educação do Estado quem responde é o Secretário Substituto. É lamentável que
ele não enfrente isto aí, quer dizer, perdeu nas interdições, infelizmente
aconteceu e aí foram recuperadas algumas escolas e, nas alterações de
professores, de uma escola para outra, a maioria desistiu de lecionar porque
ficava distante das suas residências. Continuam a maioria das escolas do Estado
sem professores, eu pelo menos tenho a relação de três e foi identificado, pela
comissão de educação do Estado que, aqui na Aparício Borges, acontece o mesmo.
O Sr. Nei Lima: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Valdir Fraga, nós estamos, aqui, nesta Casa, a
contar do dia 12 de maio, e muitas críticas já se fizeram ao Governo do
Município, principalmente pela Bancada do PMDB, e nós aqui estamos e vemos dia
a dia que passa, críticas infundadas, mal formuladas e nunca levantou-se uma
voz nesta Bancada para interceder junto ao Sr. Governador do Estado, Sr. Pedro
Simon, para que modifique algumas coisas na SEC; é humanamente impossível dar
aulas em um Bairro como Belém Novo com 38 professores, em praticamente três
turnos, quando temos em Itapuã, e quem conhece Itapuã, no Município de Viamão,
sabe que a população estudantil, naquela área, é muito reduzida, mas lá também
tem o mesmo número de professores que o Evaristo Flores da Cunha, que a Escola
do Lami, na Costa Gama e em todas as áreas escolares, em todas as escolas da
Zona Sul e Zona Norte da Cidade. Então, algo vai mal, tem que se fazer alguma
coisa urgentemente; crianças sem escolas, enquanto que, em outras áreas,
excessos de professores, não digo que seja excesso, mas pelo menos o número
completo lá e pessoas deslocadas de seus bairros e suas residências para outros
mais longínquos, sem a mínima necessidade. Então, algo vai mal lá no reino da
Dinamarca do Sr. Pedro Simon.
Eu, lamentavelmente, e não vejo aqui a Bancada do PMDB, a não ser o
Ver. Nilton Comin que está ao meu lado. Eles têm-nos criticado pela ausência
aqui no Plenário, mas eu não os vejo faz horas; não sei o que houve, será que
foi a chegada dos novos titulares os afugentou – não posso acreditar nisto.
Eles abandonaram o Plenário, porque, tiveram medo de vir colocar algumas coisas
que os nossos antigos companheiros que saíram, talvez, não tivessem rebatido à
altura. Mas agora tem gente aqui para rebater, e inclusive para denunciar, isto
que V. Exa. está fazendo com o quadro de professor por escola. É uma aberração
que estão fazendo com o Magistério Público do Estado, e não se levanta uma viva
alma do PMDB para contestar.
O SR. VALDIR FRAGA: Ouvi a colocação do Ver.
Nei Lima, que coincide com a nossa posição. Quando eu coloquei as interdições,
o remanejo dos professores, a falta de professor, o nosso Governador não tomou
nenhuma providência. Foi caracterizada a falha desse Secretário de Educação do
Estado. E vou apelar, inclusive, aqui, e pedir a atenção do Presidente da Casa
e até Assessoria, que é o natural, por esta tribuna eu peço à Comissão de
Educação para tomar as devidas providências. Começando pelas delegacias de ensino,
convidando para vir à Comissão de Educação, as delegadas de ensino, para que
nos digam quais os professores faltam em cada delegacia, em cada área.
O Sr. Nilton Comin: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Ver. Valdir Fraga, nós gostaríamos de enviar a
S. Exa. o Secretário de Educação, as críticas formuladas por V. Exa. e pelo
nobre Ver. Nei Lima, porque a democracia interna está sendo praticada nesta
Casa. Está aqui o nobre Ver. Nei Lima, e aqui ele tem condições de fazer as suas
críticas diretamente da Bancada. Então, é interessante que este assunto vá ao
Secretário para que ele saiba, exatamente, das críticas que estão sendo feitas,
e dessas críticas ele poderá tirar alguma coisa útil a sua Secretaria.
O SR. VALDIR FRAGA: São críticas construtivas.
O Sr. Nei Lima: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Valdir Fraga, se ele recebesse a comunidade, não
precisava ouvir o Ver. Valdir Fraga, muito menos aparte do Ver. Nei Lima.
O SR. VALDIR FRAGA: O nosso interesse é de que
a comunidade não fique abandonada como está, principalmente na área de Educação
e principalmente no 1º grau.
O Sr. Frederico Barbosa: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Valdir Fraga, V. Exa. fala na área de Belém
Novo, Lami, e sou obrigado a vir de público porque o Lami estava tendo um
problema muito grande na Escola Oscar Coelho de Souza, com a retirada de um
grande número de Professores e as crianças sem ninguém. Eu só preciso, e sei
que V. Exa. é justo e me permite este tempo, apenas dizer que tentei falar com
o Secretário de Educação e não foi possível, tentei falar com o delegado, na
época, da 37ª, não foi possível, e fui ao gabinete da Verª Gládis Mantelli que
me proporcionou o contato com uma funcionária da 37ª. que, graças a Deus,
recebeu a mim, aos pais e aos professores e à direção da escola e, em 20 dias,
o problema foi resolvido. Eu até fiquei muito satisfeito; existe muito
funcionário que trabalha melhor até dos que os políticos que assumem, em nome
da política, a titularidade. Graças a esta funcionária chamada Professora
Nilca, nós tivemos a solução praticamente de todos os problemas que estavam
afligindo o colégio Oscar Coelho de Souza. É só uma questão de justiça, porque
quem sabe também outros funcionários ajudariam a resolver, já que os titulares
nem atendem, às vezes, um Vereador de Porto Alegre.
O SR. VALDIR FRAGA: Agradeço a sugestão de V.
Exa. e vou até aproveitar. Não vou procurar o Governador Pedro Simon, não vou
procurar o Secretário de Educação, o Dr. Bernardo, e vou procurar a D. Nilca
para resolver os problemas daquelas escolas. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Brochado
da Rocha): Pela
ordem, o Ver. Werner Becker, que fez transposição de tempo e cedeu seu tempo ao
Ver. Flávio Coulon, que passa à Verª Teresinha Irigaray.
A SRA. TERESINHA IRIGARAY: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, a tarde inicia bem, assuntos de educação, problemas relacionados ao
ensino, denúncias levantadas desta tribuna e, em continuação à educação,
paralela à educação, nós estamos com a cultura; e estamos, nesta tarde, dizendo
ao Sr. Presidente desta Casa e aos Srs. Vereadores, que depois de esperar
durante muito tempo, depois e esperar alguns anos em que pedíamos a criação do
Corpo de Baile Municipal de Porto Alegre, estamos apresentando este Projeto.
Tínhamos a promessa do Sr. Prefeito Municipal, Dr. Alceu Collares, que dá
prioridade à parte educacional e a parte cultural da Cidade, que assim que
fosse criada a Secretaria de Cultura, o Corpo de Baile Municipal seria um dos
primeiros Projetos a ser enviado para esta Casa. Como estamos praticamente na
metade do mês de junho, metade do ano esperando ter as eleições municipais em
novembro próximo, quer dizer, no findar do nosso mandato, estamos, então, apresentando
esse Projeto porque, realmente, cansamos de esperar por uma palavra mais
positiva. Apresentamos, inclusive, ao Sr. Prefeito, no dia 4 de setembro de
1986, um anteprojeto, deixando para a competência exclusiva do Sr. Prefeito a
criação desse Corpo de Baile, oferecendo apenas um anteprojeto como colaboração
e deixando de apresentar no Legislativo uma vez que a competência era privativa
de S. Exa., porque a matéria geraria alguma despesa pública e criação de
cargos. Como não veio até agora, nós estamos, Ver. Jorge Goularte, ousadamente,
apresentando, ao Município de Porto Alegre, a criação do seu Corpo de Baile. Os
seus figurantes poderão ser aproveitados nos próprios quadros funcionais da
Secretaria de Educação Municipal, da Secretaria Municipal de Cultura e também
dos centros comunitários que temos em número de 9 ou 10 dentro de Porto Alegre.
E estamos propondo, Srs. Vereadores, porque Porto Alegre é, hoje,
seguramente, dentro do cenário nacional, o terceiro pólo cultural do País.
Então, a idéia proposta se justifica até por ser Porto Alegre esse terceiro
pólo. E não existe, na nossa Cidade, a exemplo de todas as grandes capitais, um
Corpo de Baile Municipal, que seja um grupo artístico, fundamental, que
demonstre à população gaúcha e brasileira a preocupação da nossa gente coma a
arte e com a cultura, que é a temática que norteia a atual gestão do Prefeito
da nossa Cidade. Estamos levando também este problema porque Porto Alegre
dispõe de diversas escolas de balé. São escolas que funcionam para o aperfeiçoamento
de meninos e meninas, de adolescentes, que partem, inclusive, para campos de
trabalho em outras capitais, porque Porto Alegre inviabiliza qualquer moça que
estude coreografia, que estude dança, de seguir a sua careira profissional. E
nós temos exemplos, como o Ballet Municipal do Rio de Janeiro, o Ballet
Stagium, do Paraná, que quando Porto Alegre precisa se representar artística e
culturalmente, vai buscar grupos de outras capitais, vai buscar grupos até de
Montevidéu e de Buenos Aires. Tivemos, há pouco, a visita do bailarino Bujones.
Lotou o teatro, a platéia gaúcha foi em peso assistir, num reconhecimento à
arte, numa fascinação pela dança. E nós temos conceituadíssimas professoras,
esta Casa já deu um título de Cidadã para Toni Pethzold. E temos outras, temos
Rose Porto Alegre, temos a Professora Bublitz, temos escolas de ballet dentro
de Porto Alegre conceituadíssimas. E não temos, parece mentira, a criação do
Corpo de Baile Municipal. Uma coisa nossa que não geraria despesa para o Município,
porque os seus elementos seriam criados no próprio quadro funcional.
O Sr. Flávio Coulon: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento da oradora.) Sou solidário, cumprimento V. Exa. por essa sua
velha luta, pois faz tempo que vem insistindo com esse tema sem, de uma certa
maneira, obter uma receptividade. Mas tenho certeza absoluta de que o novo
Secretário da Cultura, Prof. Joaquim Felizardo, que tem uma excelente
assessoria nesta Casa, sempre presente, saberá levar ao Prof. Felizardo, mais
uma vez, a sua reivindicação.
O Sr. Antonio Hohlfeldt: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento da oradora.) Pelo conhecimento que tenho de V. Exa., até antes
desta Casa, está ligado exatamente à dança em Porto Alegre, através de sua irmã
e de todo um trabalho que a família Irigaray tem feito em relação à dança. E V.
Exa., quando foi Secretária da Educação, tinha a idéia de fazer essa
iniciativa. Confesso que sem saber que V. Exa. iria entrar com o Projeto, hoje,
mas depois da conversa que tínhamos tido no início da semana, ontem assistindo
ao balé no Theatro São Pedro, o Cisne Negro, estava refletindo que Porto Alegre
é a única cidade que não tem uma companhia de dança, a única grande capital que
não tem uma companhia profissional de dança. Belo Horizonte tem, São Paulo tem
duas, Paraná tem, Bahia e Salvador têm, Rio tem, e nós estamos realmente,
esperando alguma coisa. Houve uma experiência, o Grupo Terra que não conseguiu
frutificar.
De maneira que saúdo V. Exa. e espero, apenas, que junto ao apoio da
Secretaria Municipal de Cultura, através do Prof. Joaquim Felizardo, se tenha
também o apoio do Prefeito Alceu Colares. Acho que desta Casa, V. Exa. desde já
tem esse apoio.
A SRA. TERESINHA IRIGARAY: Agradeço ao Ver. Hohlfeldt.
E, veja bem Vereador, será, praticamente, um projeto que não irá onerar o
Município, porque dentro dos quadros funcionais do próprio Município, nós temos
professores de coreografia, temos professores de dança, ligados aos Centros
Comunitários. A própria Secretaria de Cultura, criada recentemente, dispõe
disso. Então, é um projeto que se viabilizará, através da boa vontade, porque
nós temos condições, temos a mão-de-obra que é o mais importante, nós dispomos
de excelentes escolas de balé, dentro do Município de Porto Alegre, que poderão
ajudar, poderão assessorar.
Então, é impossível que a nossa Cidade, que é tão rica na sua cultura,
nas suas tradições, não tenha ainda o seu corpo de baile municipal. E, quando
tem um espetáculo artístico, tem que buscar em outros países, tendo a platéia
gaúcha, que gosta de bons espetáculos, que ficar privada de ter o seu próprio
corpo de baile municipal.
Nesta tarde, eu estou fazendo uma cobrança, uma cobrança amigável ao
meu amigo, Secretário Joaquim Felizardo, que prometeu que nos enviaria um
projeto para esta Casa abrangente, não era criando só o corpo de baile
Municipal, mas o teatro municipal que nós precisamos. Mas, especificamente eu
falei com o Secretário, sobre a criação do corpo de baile municipal, e ele
disse que seria uma de suas metas prioritárias, essa criação. Estamos
apresentando um plano que já foi pedido ao Sr. Prefeito, mas que até agora não
tivemos resposta afirmativa, e como o ano está praticamente no meio, nós temos
pressa. Nós queremos deixar Porto Alegre dotada de um balé municipal.
O Sr. Raul Casa: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento da oradora.) Eu gostaria de me somar ao pronunciamento de V.
Exa., e dizer que a minha colega e companheira, Bernadete Vidal, quando V. Exa.
se referiu a despesa, ela disse que cultura não é despesa. E realmente nós
estamos a necessitar desse tipo de trabalho em Porto Alegre.
O Sr. Marcinho Medeiros: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento da oradora.) Como profissional da educação, eu quero cumprimentar
a Vereadora, me solidarizar e me integrar a sua campanha.
A SRA. TERESINHA IRIGARAY: Eu agradeço, Ver. Marcinho
Medeiros. Queremos dizer que este Projeto é apenas para nós dotarmos Porto
Alegre culturalmente, deixá-la melhor, mais fortalecida. Sei que o problema
educacional também é prioritário, mas o problema cultural também o é. E nós não
podemos nem imaginar que o porto-alegrense tenha que recorrer a outras
capitais, ver grupos de outras cidades, quando nós dispomos, aqui, de uma
mão-de-obra maravilhosa, de excelentes escolas que habilitarão um bom profissional.
E nós temos, inclusive, dentro dos nossos quadros funcionais, da própria
Prefeitura, elementos que poderão transformar isso aí num maravilhoso Corpo de
Baile para Porto Alegre.
A Sra. Bernadete Vidal: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento da oradora.) Vereadora, eu acho que é muito bom que venham
espetáculos de outros lugares, mas, também, acharia muito bom que tivéssemos os
nossos espetáculos e que houvesse um intercâmbio.
A SRA. TERESINHA IRIGARAY: É evidente, mas primeiro
nós temos que formá-los e tenho certeza que estes elementos, altamente
capacitados, também irão brilhar em outras cidades, em outras capitais,
elevando bem alto o nome da Cidade de Porto Alegre e seu Corpo de Baile
Municipal. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver.
Flávio Coulon.
O SR. FLÁVIO COULON: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, de que é feito o lazer das pessoas desta Cidade? Recordo com
saudade o tempo em que o auditório Araújo Vianna ficava na Praça da Matriz, e
todos os fins-de-semana apresentava programações gratuitas, que tanto podiam
ser concertos da OSPA, retretas da banda da Brigada Militar ou sessões de
cinema. Vi bons filmes ali. Era uma tela improvisada, colocada dentro da concha
acústica, que recebia a luz de um projetor colocado entre os bancos do
auditório. Mas a projeção costumava ser boa, e nas noites de verão, às vezes, o
velho auditório se transformava no melhor cinema da Cidade. Na mesma época,
também, o Clube de Cinema promovia grandes festivais no Salão de Atos da
Reitoria, exibindo filmes que nunca seriam mostrados no circuito comercial da
Cidade. Ali também, a tela era meio improvisada, mas tanto a projeção quanto o
som contribuíam para o prazer de ver cinema.
Talvez os colegas Vereadores estejam estranhando um pouco o tom
nostálgico deste pronunciamento. Não se assustem, tudo tem uma razão de ser. O
motivo pelo qual recordo estes tempos passados, quando era prazeroso ir ao
cinema em nossa Cidade, é porque hoje a situação é bem diferente. Se naquela
época até mesmo locais de projeção improvisados, como o Araújo Vianna ou o
Salão de Atos, apresentavam boas condições de funcionamento, hoje, ao
contrário, nem os cinemas chamados “de primeira linha” funcionam como deveriam.
Tenho um amigo que assistiu, em uma mesma semana, “O Último Imperador”
em Buenos Aires e em Porto Alegre. Nos encontramos na saída do cinema – o Scala
– e ele, espantado, comentou: “Não é o mesmo filme. As cores que vi e os sons
que escutei em Buenos Aires não chegaram até aqui”. Talvez este amigo esteja
errado. É bem provável que os sons e cores que o deslumbraram em Buenos Aires
tenham chegado a Porto Alegre, sim. Só que nossos cinemas não aprenderam a
explorá-los. As cores se perdem em projetores com carvões úmidos e mal
ajustados ou lâmpadas xenon desgastadas pelo uso excessivo. O som distorce em
amplificadores de má qualidade, baixa potência ou alto-falantes com seus cones
roídos por ratos e baratas. Pior: muitas vezes operadores mal pagos deixam o
filme rolar longos minutos fora do foco, em evidente desrespeito ao público
pagante.
Isto para não falar nas poltronas quebradas, ar condicionados que não
funcionam, banheiros encardidos, salas de exibição com cheiro de mofo e, às
vezes, até ratos passando pelos corredores. Conta-se que, não faz muito, os
espectadores de uma sessão do Cinema Um tiveram sua atenção desviada para a
correria de um gato que tentava livrar o cinema de um de seus indesejáveis
roedores. Seria cômico, se não fosse trágico. Trágico porque o espectador pode
bater palmas, assobiar, sapatear, gritar, mas se resolver ir embora, vai perder
seu dinheiro e não terá a quem reclamar.
Afinal, quem fiscaliza os cinemas da Cidade?
Em tese, fiscais é que não faltam. Vejam que digo “em tese”. Cabe ao
CONCINE, por exemplo, fiscalizar entre outras coisas a qualidade do serviço
prestado. Nisto se incluem foco e som. Mas o CONCINE não chega a ter meia dúzia
de fiscais para controlar os cinemas de todo o Estado. Cabe à Prefeitura
verificar se o sanitários e aparelhos de ar condicionado estão em boas
condições. Qualquer pessoa que freqüente os cinemas da Cidade sabe que muitos
destes equipamentos funcionam precariamente, sem que nenhuma providência seja
tomada. Algo deve estar errado no setor de fiscalização. O pior, no entanto, é
que os serviços podem estar ruins, mas os preços dos cinemas fazem supor que
eles oferecem as melhores condições de conforto do mundo. Deveriam. Há pouco
mais de três anos houve um acordo em nível nacional entre o CONCINE e os
Sindicatos de Exibidores. O preço dos ingressos foi liberado, com a condição de
que parte de seu valor fosse aplicado na melhoria das instalações das salas de
exibição. Não sei o que aconteceu no resto do Brasil, mas aqui em Porto Alegre
o acordo não foi respeitado. Os cinemas continuam em péssimo estado, oferecendo
serviços no mínio precários.
É urgente que a Prefeitura assuma maior responsabilidade na
fiscalização dos cinemas da Cidade. Isto significa, por um lado, tomar a si a
tarefa de fiscalizar a plenitude dos serviços, e, por outro, exercer realmente
esta função. Determinei à minha assessoria que realize estudos para verificar a
viabilização da elaboração de uma tabela classificatória dos cinemas, de acordo
com o nível dos serviços que ofereçam. Talvez fosse o caso da SMIC classificar
os cinemas da Cidade, como a EMBRATUR classifica os hotéis do País. Não sei. O
certo é que algo precisa ser feito para defender os interesses tão esquecidos
de nossa população, a quem está sendo roubado o prazer de um dos poucos meios
de lazer ainda relativamente ao alcance de seu bolso.
Tenho certeza que o Ver. Antonio Hohlfeldt vai me ajudar a fazer uma
tabela classificatória dos cinemas de Porto Alegre, porque não é possível que
os cinemas tenham a mesma tabela, para serviços totalmente diferenciados, como
é em Porto Alegre.
O Sr. Antonio Hohlfeldt: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Temos duas possibilidades para classificar os cinemas
em Porto Alegre: tipo de filme, chamado cinema de arte, temos dois, ou três, na
Cidade, e pelo tipo de serviço que apresentam. Se for pelo tipo de serviço
apresentado, temos que rebaixar o ingresso de todos os cinemas, porque a metade
deles apresenta o aviso de ar condicionado, e o ar condicionado não existe. Já
tentei descobrir quem fiscaliza isso, até hoje não consegui descobrir: o INACEM
disse que não é com ele, a SMIC, parece, não tem nada a ver, e fica o eventual
cidadão que queria ir ao cinema, sem condições de se defender de nenhuma
maneira. O que é claro, o que é certo. Pelo menos para mim, que freqüento os cinemas,
é que realmente os cinemas não apresentam um tipo mínimo de qualificação. Ainda
um dia desses, creio que ontem, no “Diário do Sul”, trazia um comentário do
crítico Luiz Carlos Merten, sobre ruídos que uma sala passa para a outra, má
vedação. Então, temos várias coisas a levantar, daí porque, uma vez, há dois
anos atrás, propunha um Projeto de Lei que obrigasse a todos os cinemas a terem
gerador próprio, porque é um outro problema que se enfrenta no verão, e mais,
daqui para frente, pela crise de energia que a CEEE enfrenta. Falta energia
elétrica, às vezes, meia-hora, uma hora, atrasa a sessão, e como tem o bilhete
que não é devolvido, o cidadão fica trancado dentro do cinema, sem condições de
sair, e a iluminação e ventilação internas são precárias.
Então, V. Exa. toca em um problema grave, pois temos que defender a
permanência das salas de cinemas, e entendo que temos que defender pensando em
qualidade para o usuário. Cheguei a conversar com o diretor de uma das
empresas, Avenida, e ele fez uma proposta que me parece razoável, poderemos
aprofundar e discutir com a Prefeitura: a Prefeitura cobra 5% de ISSQN sobre a
sala, e a proposta é que 2,5% fosse tirado e criado um fundo de renovação e
modernização das salas, espécie de parceria com os próprios empresários, e que
melhoraríamos as condições das salas, mediante um projeto, um planejamento dos
empresários, apresentado à Prefeitura, assim como agora se recupera o Mercado
Público, faríamos uma recuperação das várias salas. Acho que é uma alternativa
a se considerar, pois é um assunto bastante interessante e neste momento
positivo, porque o cinema que perdeu um público num certo momento hoje
recupera, não nas grandes salas, não são mais nas salas de mil e poucos
lugares, mas são salas para 300, 400 lugares, que têm uma mobilização
permanente que garante o retorno do aluguel do cinema, do pessoal que trabalha,
enfim, o cinema voltou a ser um negócio que gera um lucro razoável dentro da
realidade da economia brasileira.
O SR. FLÁVIO COULON: E me parece que esta idéia,
Vereador, do ISSQN, talvez seja uma via bastante importante.
O Sr. Antonio Hohlfeldt: É, teremos que viabilizar
com a Secretária da Fazenda no sentido de que a Prefeitura, de uma certa
maneira abriria mão de metade deste dinheiro, que não deve ser muito pouco,
porque o cinema gera, realmente, uma receita razoável, mas nós poderíamos,
realmente, renovar os cinemas de Porto Alegre. Porque se nós considerarmos os
cinemas de São Paulo, comparativamente, realmente, a qualidade das salas de São
Paulo é duas, três vezes superiores à qualidade das salas de Porto Alegre. Quer
dizer, é raro se ter uma interrupção de projeção em São Paulo por falta de
energia elétrica. E a qualificação da poltrona, por exemplo, que é um negócio
básico; da projeção, do maquinário utilizado, imensamente superior a Porto
Alegre que trabalha, normalmente, com material de segunda mão
O SR. FLÁVIO COULON: Vamos continuar insistindo
neste assunto, Sr. Presidente, agradecendo a bondade de V. Exa. Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Está com a palavra o Ver.
Raul Casa.
O SR. RAUL CASA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, a tarde de hoje tem-se caracterizado pela discussão e pela emoção,
problemas realmente importantes para a nossa Cidade. Problemas que dizem de
perto aos interesses da população.
Para quem viaja a grandes metrópoles, e mesmo a cidades de médio porte,
não apenas no Brasil, mas em qualquer outro País, há de constatar que o
transporte urbano e mais especificamente o ônibus, se caracteriza, nos trajetos
que fazem, não por letreiros, não por trajetos com a denominação das ruas onde
passam, mas por números. As linhas, os trajetos são todos eles marcados por
números que caracterizam e fixam à população o acesso a determinado bairro, o
acesso a determinada região. Desde 1983, portanto, anterior a atual gestão,
vimos solicitando, vimos insistindo junto ao Executivo no sentido de que
obrigue as empresas de transporte a cada novo veículo, que entre em circulação,
a colocação de um equipamento extremamente simples, mas de vital importância
para o usuário. São aquelas pequenas capelinhas, assim são denominadas, que
abrigam o número, fazendo com que um determinado trajeto de uma determinada
linha assim se caracterize. Principalmente depois do estabelecimento dos tão
discutidos corredores de ônibus que até hoje, face a sua inconclusão, não
justificaram as despesas que geraram. A Companhia Carris Porto-Alegrense, que é
uma empresa do Município e que já tem alguns ônibus com estas capelinhas
encimando a sua carroceria, bem que poderia dar exemplo às demais empresas, no
sentido de dotar a sua frota com este equipamento de extrema valia, não apenas
para as pessoas com dificuldade de leitura, mas também para aqueles deficientes
visuais que são obrigados a perguntar a algum transeunte, a alguém que se
encontra ao seu lado se o ônibus que ele vai ocupar é realmente aquele que ele
pretende. Por número, não apenas deficientes, mas também forasteiros e pessoas
com dificuldades, teriam a possibilidade de, ao visualizar o número, saber que
aquele ônibus é o ônibus que ele pretende pegar.
A Sra. Bernadete Vidal: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu cumprimento V. Exa. porque, realmente, nós não
temos, sequer, dados das pessoas que têm, embora pequena, mas que têm
deficiência visual. Não é o cego nem aquele que enxerga pouquinho, mas é aquela
pessoa que usa óculos e que trabalha normalmente e não se sabe quantas pessoas
com esta deficiência existem no Brasil. Não se procura saber quantos são os
deficientes, muito menos essas pessoas. E essas pessoas têm imensas
dificuldades, sem falar que, infelizmente e desgraçadamente, estamos vivendo
numa terra de maioria analfabeta ou semi-analfabeta. Existia na Secretaria um
estudo, proporcionado por nós, cegos, a este respeito, e que, com o
pronunciamento de V. Exa., gostaria de que voltasse a ser feito.
O SR. RAUL CASA: Sou grato pelo aparte de V.
Exa. e, realmente, lamentavelmente, quando as idéias não surgem das cabeças
iluminadas dos executivos, quando são sugestões, como a feita pelas entidades
que V. Exa. menciona, sequer temos a resposta as nossas solicitações. Isto
realmente nos desgosta e se retorna ao assunto, passados já cinco anos de minha
insistência, inclusive com a presença, neste Plenário, de um ex-Secretário de
Transportes, que certamente não se desligou dos assuntos do transporte e que
certamente atento aos problemas que visam melhorar o atendimento ao público,
poderia, com a proficiência que caracteriza o seu trabalho e com o conhecimento
técnico de quem exerceu o cargo com tanta brilhatura, pudesse ser chamado ao
debate para dizer o que, na sua gestão, foi feito ou se mesmo foram
proporcionados estudos no sentido de que os ônibus fossem dotados desses
equipamentos – tenho certeza de que o ilustre Ver. Elói Guimarães atento a este
tipo de pronunciamento, teria alguma coisa a nos dizer – por isto, mais uma vez
eu apelo ao Executivo no sentido de que retome, se já não retomou os estudos ou
que obrigue as empresas de ônibus a adotar este equipamento que visa facilitar
ao usuário; visa fazer com que menos tempo e mais segurança tenham aqueles que
são obrigados a usar transporte coletivo em nossa Cidade. As linhas de ônibus
conhecidas por números seriam uma comodidade e um avanço para o transporte
coletivo de nossa Cidade. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Rafael
Santos):
Com a palavra o Ver. Brochado da Rocha pelo tempo que lhe cede este Vereador.
O SR. BROCHADO DA ROCHA: Srs. Vereadores, Sr.
Secretário no exercício da Presidência, em primeiro lugar cabe-me agradecer o
tempo que S. Exa., o Ver. Rafael Santos, cede a este Vereador. Inicialmente
quero dizer nesta Casa um assunto de alta relevância, eis que o Poder Executivo
encaminhou a esta Casa uma matéria referente ao Magistério Público Municipal. O
Magistério Público Municipal, manifesta com intensidade e sem questionamentos
para que esta Casa vote o dito cujo Projeto. Se há algumas nuanças de vírgulas,
modificações de períodos e outros, como assisti o Ver. Antonio Hohlfeldt
referir este dias, ou outros, por ventura existentes, acho que esta Casa deve
fazer um “tour” de forças imediatamente, porque se temos divergências em
vírgulas, pontos, períodos, artigos, não temos divergência quanto ao mérito na
globalidade dos Vereadores. Chamo a atenção que hoje nós estamos próximos do
dia 15. Se não votarmos até o dia 15, o Magistério não receberá, o Magistério
chegou a esta Casa só com uma questão: quando lá receberam – a Verª Teresinha
Irigaray estava presente, o Ver. Rafael Santos e Ver. Raul Casa estavam
presentes, o Ver. Jorge Goularte e Ver. Valdir Fraga estavam presentes – só nos
questionaram, só fizeram um pedido: votemos até o dia 15 e não desejamos
Emendas, estão aqui referidos todos os Vereadores que me lembro – pode faltar
algum – mas certamente aqueles que eu citei estavam, e esta Casa vai ter que
arcar – e este Vereador também, individualmente – com o ônus de procrastinar um
recebimento, adotando um procedimento rigorosamente inverso daquele que esta
Casa vem pedindo. Esse Plano de Carreira tem 10 anos de pedidos nesta Casa, ou
mais até, eu diria 12, pois me lembro de vários oradores aqui subirem à tribuna
e pedirem o dito Plano, e a categoria profissional a pedir o dito Plano. Agora,
nós, individualmente – e, por isso, pedi o tempo de um colega – não estamos
dispostos a arcar com esse ônus, nem que tenha que trabalhar sexta-feira à
tarde, por exemplo, reunindo todas as comissões. O Processo já está distribuído
em todas as comissões da Casa; façamos um chamamento a todo Magistério para que
dê sua opinião no que quiser. Temos, ainda, sábado, para reunir as comissões,
nada impede à Casa de fazê-lo, agora, este Vereador, arcar com esse ônus de
subtrair um vencimento de vez que alguns de nós não concordam com artigos
isolados e com palavras, pontos ou vírgulas que eventualmente estejam errados,
mas com a substância geral da coisa todo mundo concorda, então, vamos ficar até
quando procrastinando? Mas procrastinando o quê? Aquilo que todos nós
entendemos ser meritório. Uns querem um caminho, outros querem outro, mas há
que haver uma uniformidade, senão, o todo vai pagar, e também o individual vai.
E esse ônus, individualmente, eu vou repetir, eu não aceito ficar com esse ônus
como Vereador desta Casa que durante 12 anos pediu esse Plano de Reclassificação.
A Sra. Teresinha Irigaray: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Brochado da Rocha, Presidente desta Casa, V.
Exa. colocou perfeitamente o problema e ele ficou cristalino, realmente,
participamos de uma reunião com a Presidente da Associação dos Professores
Municipais, onde apenas a categoria queria que o Projeto tramitasse com
urgência até o dia 15, para que fosse incluída na folha de pagamento e que não
houvesse as emendas. Isso foi pedido e até sugerimos que se fizesse uma reunião
com as Lideranças, para que os Líderes aconselhassem as suas Bancadas, que
seguissem o pedido da categoria. Acho que V. Exa. colocou perfeitamente, a Casa
não pode arcar com o ônus que não lhe é devido, todos nós queremos aprovar o
Plano de Carreira do Magistério. Inclusive, junto com V. Exa. cogitamos de uma
reunião aberta aqui, com toda a Associação dos Professores Municipais, na
segunda-feira pela manhã, onde todos os Vereadores estariam presentes e
debateriam os principais problemas do Plano de Carreira. Mas, fundamentalmente,
tem que ficar a idéia, e isso V. Exa. já lançou neste Plenário, nós queremos
aprovar, não queremos que a Casa fique com esta imagem de que não queremos
aprovar o Plano de Carreira. Nós queremos. Acho que a Casa tem que se sair bem
deste episódio com o Magistério Municipal. Se, de repente, não fizermos uma
reunião aberta, ou amanhã, ou sábado, ou segunda-feira pela manhã, com a Casa
aberta e livre, com todos os Vereadores, com o Magistério junto, com a SMED
junto, nós ficaremos na história de Porto Alegre como algozes, como carrascos
do Magistério Municipal.
Acho que a idéia de V. Exa. é excelente, o posicionamento é
corretíssimo, a Casa não pode levar essa cicatriz, e ficar contra o Plano de
Carreira, nós somos todos a favor.
O SR. BROCHADO DA ROCHA: Verª Teresinha Irigaray,
até consultei o Ver. Raul Casa para ter certeza, hoje é dia 9, segunda-feira é
dia 12, acho que impreterivelmente, as Comissões terão que se reunir,
sexta-feira, à tarde, para ouvir e segunda-feira, pela manhã, nós acertaremos
as emendas. Se o Ver. Raul Casa apresenta uma emenda e eu outra, apresento
outra igual ao do Ver. Rafael Santos, nós precisamos fazer uma seleção das
emendas. Agora, arcarmos com este ônus, nunca Ver. Jorge Goularte! Porque ele é
uma conquista antes de tudo, desta Casa, que há 12 anos pediu. E V. Exa. sabe
disto, V. Exa. pediu, agora V. Exa. pede e de repente V. Exa. é condenado. É
isto que não quero admitir. Doze anos pedindo. É isso que eu quero deixar aos
meus pares, que me considero aviltado, por não conduzir um problema. É claro
que uma panela que está fechada há 12 anos, quando abre está fervendo, então
ficam todos furiosos com os professores. Eu até acho normal, mas estão querendo
execrar Vereadores, o que eu acho absolutamente sem fundamento. Eu tenho
certeza que todo mundo nesta Casa, no seu conjunto, quer aprovar o referido
Projeto.
O Sr. Raul Casa: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Sr. Presidente, a Bancada do PFL coloca-se
integralmente à disposição para que esse Projeto tenha a celeridade que V.
Exa., judiciosamente, apregoa. Contudo, saiba V. Exa. que alguma alterações,
algumas sugestões que foram feitas, visam na verdade melhorar o Projeto.
Somando a isso, a Emenda do Ver. Hermes Dutra, retroagindo a aplicação da Lei a
1º de maio, seguramente, nós estaremos assegurando aos professores esse Plano,
como V. Exa. disse: é uma velha aspiração da categoria.
O SR. BROCHADO DA ROCHA: Veja, Vereador, V. Exa. vem
com uma retroatividade, trazida por um Vereador. A essência é o plano, e repto
a qualquer um da Casa, dizer que não teria alguma coisa para colocar no Plano.
Todos os Planos de Carreira, de cada cabeça vai surgir uma sentença. Mas, Ver.
Raul Casa, V. Exa. coloca uma retroatividade colocada por um outro Vereador que
não está no Plenário neste momento. Mas eu quero dizer, que aí vai é o que se
chama em direito “ultra petita”, além do pedido. A categoria profissional não
pediu isso, ela pediu que nós votássemos, para que elas pudessem receber esse
mês. Com essa Emenda, ou com outras, poderemos fazer uma conturbação tal, e de
tal forma, que não receberam este mês e que também não receberam em maio. De
tal sorte, quero alterar a individualidade dos colegas, enquanto colegas, como
colegas e, sobretudo, pelo entendimento que tive, pois conversei com todos
eles. É “ultra petita” a Emenda e são “ultra petita” muitas das colocações
feitas, vai além do que quer a categoria profissional. Todos têm direito de
apresentar. Agora, nós não temos o direito de procrastinar e lançar sobre nós,
nas nossas individualidades, uma responsabilidade daquilo que nós, nas nossas
individualidades, questionamos há algum tempo e lutamos e subscrevemos. Esta é
uma conquista basicamente e historicamente da Casa, da Câmara de Vereadores, na
sua pluralidade partidária e da individualidade de cada um dos Srs. Vereadores.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Ultimo orador inscrito em
Comunicações. Com a palavra, o Ver. Paulo Satte.
O SR. PAULO SATTE: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, em primeiro lugar, gostaria de comunicar ao Secretário da SMOV, ao
Diretor do DMAE e ao Diretor do DEP a morosidade das obras que estão sendo
feitas nas Avenidas Toledo Piza, 21 de Abril, Alcides Maia e a Rua “C” da Nova
Brasil, ou seja, a canalização.
E também tenho denúncias dos moradores destes locais que, lá, as
empreiteiras, ao invés de cumprirem as suas 8 horas, conforme o contrato feito
com a Prefeitura, trabalham na média de três, no máximo quatro horas por dia,
por isso esta morosidade. Na época, eu me lembro muito bem que estas obras
deveriam estar concluídas até o final do mês de abril de 1988.
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, estou surpreso com determinado
Vereador desta Casa que, não sei por que, enviou à Mesa desta Câmara um Pedido
de Informações, para saber da veracidade da licença solicitada por este
Vereador. Inclusive, no seu Pedido de Informações ele solicita até o nome dos
médicos, tanto da Câmara quanto do Hospital Porto Alegre, com seus respectivos
CREMERS. O Ver. Antonio Hohlfeldt acha que a doença do Ver. Paulo Satte, tanto
quanto os pareceres dos médicos, não deixa de ser uma invencionice. Inclusive,
um dos médicos que me atendeu no Hospital Porto Alegre é filho do Ver. Mano
José.
Então, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu havia me preocupado com
essa tal situação, a minha licença não encerrava ontem e sim no dia 17, e quem
determina o número de dias não sou eu e sim o médico.
O Sr. Mano José: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Realmente, o meu filho é médico lá do Hospital Porto
Alegre, e eu tenho orgulho dele, pela forma como ele é positivo. E, para dar
testemunho disso a V. Exa. e aos demais Vereadores, há pouco tempo ele negou
baixa ao pai do Sr. Prefeito Municipal, porque entendeu que não havia motivo
para a baixa e a negou, incomodando-se muito com a Direção do Hospital por
causa disso. E ele disse que enquanto for médico do Hospital ele agirá dentro
dos conhecimentos da Medicina. E ele aplica a Medicina. Então, ele negou baixa
ao pai do Sr. Prefeito Municipal, Dr. Alceu Collares. Digo isso para
testemunhar que ele não está lá brincando e não brincaria também com V. Exa.
Por isso eu estranho, também, que haja este Pedido de Informações de um colega
da Casa, pois estamos nós todos, os trinta e três, nas mesmas condições em que
viemos para cá, trazidos pelo voto popular. Então, que cada um cuide de si e
Deus de todos. Será que alguém, aqui, pode se arvorar em atirar pedras no
telhado do vizinho? É uma pergunta que eu deixo.
O SR. PAULO SATTE: E preparem-se os Srs.
Vereadores, porque vêm mais coisas por aí, de parte do Ver. Antonio Hohlfeldt.
Me dizia ele, por telefone, na semana passada, quando eu estava em casa, que
ele iria encaminhar um Pedido de Informações – vejam a malícia do Vereador –
para os 32 Vereadores desta Casa. Olhem a má intenção do Ver. Antonio
Hohlfeldt! Ele sabia que eu ia fazer este pronunciamento e não teve nem a
hombridade – como homem culto que é – de se fazer presente para ouvir-me. Mas
eu queria dizer ao Ver. Antonio Hohlfeldt, antes que venha o Pedido de
Informações – mas ele vai ter oportunidade de ver e ler este discurso – quantos
dias este Vereador se licenciou, dos anos de 83, até a presente data. Foram
exatamente 112 dias. E, se eu tiver que tirar 11 meses de licença, eu vou
tirar, porque quem gosta de mim sou eu e a minha vida é uma só. Por isso, eu
não admito que um Vereadorzinho – desculpem a palavra – de 1.200 votos queira
me dar puxões de orelha. E não é só a mim, como também aos demais Vereadores,
que também vão entrar nesta briga. A Câmara, por si, já é um órgão desgastado.
Com estas picuinhas, o desgaste é maior, sem nenhuma necessidade. Ao invés do
Vereador se preocupar em fazer Pedidos de Informações sobre as obras que estão
sendo realizadas em Porto Alegre, fica querendo saber por que o Ver. Paulo
Satte tirou licença!
Também quero dizer ao Ver. Antonio Hohlfeldt, com relação as votações,
que: em 1976, no bipartidarismo, este Vereador fez 12.900 votos; em 1978, este
Vereador fez 26.000 votos, para Deputado Federal, ficando como terceiro
Suplente; em 1982, fez 9.000 votos. Tomara que o Ver. Antonio Hohlfeldt, com
toda a sua integridade, com toda a sua honestidade, sua sinceridade – tudo o
que ele acha que tem e os outros não – consiga, ao menos, se reeleger na próxima
eleição! Isto eu dou de barato para ele. Então, Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, se o Vereador acha que o Ver. Paulo Satte, está inventando que tem
angina, há 11 anos, tem também a ficha no consultório médico da Casa, se ele
acha que o Ver. Paulo Satte não tem coração grande, não tem quatro hérnias de
disco, problema seu, porque quem gosta de mim sou eu mesmo, quem vai se cuidar
sou eu, se eu morrer, sei que ele pouco está ligando, assim como cada um dos
senhores, por parte do Vereador Antonio Hohlfeldt. Então, que este Vereador
trate de cuidar dos problemas cruciantes da Cidade, e não procure se envolver
com picuinhas a respeito da vida individual de cada Vereador.
O Sr. Marcinho Medeiros: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Quero-me solidarizar com o colega a respeito do
assunto, e não sei se o Antonio Hohlfeldt é médico, mas se for, é contra a
ética médica duvidar de um laudo, porque se o colega está em licença médica, é
porque os médicos assim entenderam. Nós não somos médicos, somos leigos, não
podemos duvidar da palavra de um médico. Acho que se houve alguma crítica, e se
houver alguma crítica por parte do Ver. Hohlfeldt, deve ser dirigida a equipe
médica, e não ao nobre Vereador, que é um ser humano como qualquer outro, e
sujeito às doenças. Acho que o Ver. Hohlfeldt deveria se retratar a respeito
disso, e deixar que cada um cuide de sua vida, de acordo com suas necessidades,
principalmente as relacionadas com a saúde, inclusive, para poder manter uma
boa atuação profissional.
O SR. PAULO SATTE: Obrigado, mas com
referência a retratação, nem faço questão disso, porque a partir daquele
momento, esse Vereador, para mim, não existe, pois se trata de uma pessoa que
não é humana, é um monstro. Eu pretendo durar bastante, e não vai ser uma coisa
dessas aí que vai tentar enxovalhar a vida do Ver. Paulo Satte, ou que a
imprensa publique, se a imprensa publicar, até faço questão, porque aí vai
haver aquele voto de pena, é verdade, ou não é, olhem o que aconteceu com
Simon, não quero nada disso. Agora, eu só quero que se respeitem os direitos
das pessoas. Um outro ponto que também não dá para entender é duvidar. Se fosse
um médico, vai lá que seja, se o Vereador fosse amigo de determinado médico,
tudo bem. mas aí são quatro médicos envolvidos e um hospital. Eu acho que a
coisa muda bastante de figura. Inclusive este Dr. Antônio Celso de Queirós
Prestes, que é o meu Cardiologista, posso dar o nº do CREMERS dele, é 4.098; e
o Dr. Mano José Júnior, 14.454. O Ver. Antonio Hohlfeldt quer saber o CREMERS,
o nome do médico. Então está aí.
É vexatório, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a primeira vez na minha
vida, dos 12 anos que estou aqui, e na época que meu pai foi Vereador, são 12
mais 12 anos. Há 24 anos que eu conheço esta Casa, pela primeira vez eu vejo um
Vereador subir a esta tribuna para justificar a sua licença ou as suas licenças
por causa de um levantamento, talvez por exploração da imprensa, inverídico, de
determinado Vereador. Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Brochado
da Rocha):
Esgotado o período de Comunicações. Em tempo de Liderança, tem a palavra o Ver.
Flávio Coulon.
O SR. FLÁVIO COULON: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, o tema que me traz a esta tribuna, não é o que eu vou iniciar o meu
pronunciamento. Eu não posso-me furtar, em primeiro lugar, a cumprimentar o
novo titular da Secretaria de Indústria e Comércio da SMIC, o Jornalista
Políbio Braga, porque eu já vi uma primeira obra do Jornalista Políbio Braga
ali na esquina da 24 de Outubro com a Göethe, foi inaugurado um chaveiro,
agora, do lado do Banco Nacional, do outro lado da rua onde tem um Banco 24
horas, clandestino; no outro lado da rua, agora, foi inaugurado um chaveiro.
Este chaveiro estava na calçada do Parcão, mas conseguiram colocar lá, agora,
uma primeira obra que eu achei interessante.
Também gostaria de cumprimentar o Ver. Isaac Ainhorn, que através da
televisão consegue mais do que conseguiu, aqui, através da Casa. Conseguiu
desencadear uma operação colibri, que é a limpeza da poluição visual desta
Cidade.
Aliás, coisa que nós cobramos aqui durante o tempo inteiro, estes
“out-doors”, que foram espalhados pela Administração Collares, entre a operação
colibri o Ver. Isaac Ainhorn incluiu, também, umas paradas de ônibus e mais um
monte de cartazes, aí totalmente fora de órbita. Isto significa o seguinte: a
atual Administração está corrigindo o que a Administração anterior do PDT fez.
Nada pessoal. Quer dizer, se alguém está despoluindo visualmente, é porque
alguém poluiu visualmente e quem poluiu visualmente eram os Secretários
anteriores. De modo que quero também me congratular com esta iniciativa do
jornalista porque denunciou da televisão, conseguiu levar o Secretário do Meio
Ambiente à televisão, ele prometeu despoluir e já começou. Cumprimento o jornalista
Isaac Ainhorn por ter conseguido essa operação colibri. Cumprimento também a
Bancada do PDT e Governo Alceu Collares, porque realmente a poluição visual da
Cidade está demais. Instalaram “out-doors” coloridos. Principalmente de
propaganda de cigarros, nos mais variados pontos da Cidade, inclusive em locais
públicos, com a licença de quem? Não sei.
Mas o assunto principal que me traz à tribuna é um apelo dirigido à
Bancada do PFL. Como todos os senhores sabem, a direção do TRENSURB pertence ao
PFL. Há estudos no sentido de estender a linha até São Leopoldo. Parece-me que,
paralelamente, a esse estudo de viabilidade deve ser desenvolvido um estudo no
sentido de levarmos o TRENSURB até a Zona Norte da Cidade, pegando toda a
Cidade pela Zona Norte até Gravataí. Se for feito um estudo sério de
viabilidade, a demanda reprimida em número de passageiros na Zona Norte será
muito maior que a demanda para São Leopoldo. Precisamos estudar seriamente este
problema, inclusive quer me parecer que, ainda com todo o apoio que uma ala do
PFL está dando ao Governo Federal, especialmente a ala ligada ao Dep. Arnaldo
Prieto, que está intimamente ligado ao Governo Sarney, poderemos conseguir duas
coisas: poderemos conseguir com que o TRENSURB vá até São Leopoldo e que seja
feito o ramal até a Zona Norte. Não acho fora de cogitação batalharmos
conjuntamente pelas duas linhas. O TRENSURB, desviado para a Zona Norte, só tem
uma desvantagem em relação ao prolongamento até São Leopoldo: é que até São
Leopoldo, a faixa de domínio para o trem é a mesma faixa da antiga Rede
Ferroviária, de modo que não demanda desapropriação, mas é a única vantagem. Em
termos de passageiros, tenho certeza absoluta que a tão sofrida Zona Norte,
onde as pessoas ficam engavetadas uma hora, uma hora e meia dentro do corredor
de ônibus – e não é culpa de ninguém -, que naquele ramal Zona Norte para o
TRENSURB, a demanda de passageiros é muito superior à demanda de São
Leopoldo/Novo Hamburgo.
Este é o apelo que faço aos nobres Vereadores Bernadete Vidal e Ignácio
Neis, dignos representantes do PFL aqui nesta Casa, aqui presentes, no sentido
de que coloquem o seu prestígio para que o TRENSURB estude a possibilidade de
se manter ou de se projetar um ramal Zona Norte aqui para a Cidade de Porto
Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Rafael
Santos): Em
tempo de Liderança, a palavra com a Verª Bernadete Vidal.
A SRA. BERNADETE VIDAL: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, devo responder ao prezado Líder do PMDB que nesta questão de estar
no governo, não estar no governo, a Bancada do PFL, nesta Casa – e é notificado
pela Imprensa -, nós estamos andando na contramão, e faz tempo. V. Exa. também
está andando na contramão, porque realmente a população brasileira não pode
mais estar de acordo com tanta demanda que estão fazendo lá em cima. Eu, agora,
nem lembro qual é o Diretor do TRENSURB, e não o conheço pessoalmente – parece
que é gente boa. Agora, este assunto, acho que merecia um seminário por parte
não do PFL e do PMDB, esses partidos transitórios que vão passar qualquer hora,
e que tomara passem bem logo, esses partidos vão passar, porque temos que
encontrar rumos mais verdadeiros para a nossa Nação, para o nosso País. Então,
abstraindo esses partidos, eu acho que o assunto merece um estudo sério por
parte da Câmara de Vereadores de Porto Alegre e até da Assembléia Legislativa,
de vez que o assunto passa pela Assembléia, merece realmente um grande estudo;
é uma idéia, uma idéia de respeito, porque nós conhecemos muito bem o problema
vivido pelo usuário de ônibus da Zona Norte.
Mas, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu gostaria de me congratular com
a Associação de Cegos do Rio Grande do Sul por estar promovendo, nesta semana,
um curso, em Porto Alegre, de ensino a revelação de Raio-X a alunos cegos.
Faço esta congratulação ao mesmo tempo em que denuncio o esquecimento
em que vivemos nós os cegos por parte da sociedade.
Tivemos oportunidade, ontem, de promover uma palestra, a qual
compareci, no Auditório do Ministério do Trabalho, aqui na DRT, onde falava o
professor desse curso e para cuja palestra convidávamos diretores de
radiologia, chefes de departamentos de recursos humanos e pessoas ligadas ao
ramo da radiologia – Srs. Vereadores, compareceram duas pessoas, as quais
registro: Hospital Conceição, através de sua psicóloga; Hospital Santa Rita,
também, através da sua psicóloga do Departamento de Recursos Humanos. Agradeço
o comparecimento dessas duas pessoas e pergunto por que só essas duas? Será que
não tinha um funcionário para comparecer, para ver de perto o que os cegos
podem fazer, que os cegos podem atuar, que podem fazer o trabalho de revelação
de Raio-X, pois não foi mais ninguém, Srs. Vereadores. Nem o nosso Pronto
Socorro mandou gente. Todos foram convidados e ninguém mandou.
Pois eu saúdo, apesar deste fracasso, saúdo a Associação de Cegos e se
eles não vêm a nós, nós vamos a eles. Vamos visitar um por um os nossos alunos,
para que eles recebam após o curso o treinamento, e depois do treinamento, se
forem capazes, se forem aptos, se tiverem condições, aí sim pleitearemos para
eles uma vaga, um emprego nos estabelecimentos de radiologia. Não estamos
pedindo que os empregue; até somos contra que se empregue pessoas deficientes
por um sentimento elevado de caridade, de humanismo. Não. Nós queremos que
empreguem profissionais. Queremos que as pessoas dêem apenas a chance do teste
e que não dêem a chance que me deram há quase 20 anos e que continuam dando, de
passar o pretendente a emprego na parte de prática e na hora da entrevista tudo
bem, mas depois mandam o aluno fazer uma árvore. Ora, eu até agora não aprendi
a desenhar árvore. Pois é isso que ainda fazem, Srs. Vereadores, com os nossos
companheiros cegos pretendentes a um trabalho. Não raro, mandam que eles
desenhem uma árvore. Eu peço a colaboração da imprensa para que divulguem estas
coisas, nem que seja lá escondidinho, lá no meio do jornal. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Em tempo de Liderança, pelo
PDT, fala o Ver. Elói Guimarães.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores. Penso e pensamos que o Senado da República avançou
significativamente no processo já fixado para as eleições do presente ano.
Então, é um passo importante, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, porque se o PMDB
permitir, deveremos ter eleição este ano. Mas, por outro lado, Sr. Presidente,
Srs. Vereadores, preocupa também uma elaboração que ainda não se detectaram as
causas pelas quais se pretende o mandato-tampão. O mandato-tampão de 2 anos
deve, por igual, merecer – e o estamos fazendo – o necessário rechaço da
edilidade brasileira, posto que, efetivamente, representará algo que
contrapõe-se à ordem natural das coisas. Se os Edis brasileiros, e mormente
desta Casa, reclamam eleições este ano, por outro lado também não aceitam o
mandato-tampão por 2 anos. Se a questão é coincidência, nós temos aí um
mecanismo que foi adotado na atual eleição: nós concorremos um pleito para 6
anos. Então, que se faça a eleição deste ano para um mandato de 6 anos, como
foi feito com o atual mandato. Então, aí, teríamos a coincidência, buscada por
aqueles que sustentam a necessidade de coincidência, em 1994, de Vereadores,
Prefeito, Governador e Deputados, posto que a eleição para Governador deverá se
dar em 1990 para um mandato, já prescrito na Constituição, de 4 anos. Então
teríamos a coincidência em 1994 e estaríamos atendendo à compatibilização
pretendida por aqueles setores que trabalham a Emenda que, segundo informações,
com alguma chance de se fazer um mandato-tampão.
Então, é bom que se diga, e parece que estamos aqui expressando o
pensamento global da Casa, nós não aceitamos o mandato-tampão. E deverá haver
um encontro nacional onde os Vereadores terão que firmar, de forma veemente,
categórica e incisiva a contrariedade ao mandato-tampão porque, efetivamente,
vai-nos jogar numa eleição, com os compromissos que dela decorrem, e para um
tempo que me parece que a defesa das eleições pelo que elas representam não
pode ir a este desplante de se fazer uma eleição no País, das dimensões do nosso,
por 2 anos apenas, envolvendo Vereadores de todo o País e Prefeitos. E diga-se
de passagem, é bom que se frise, o maior volume eleitoral se dá, exatamente,
nas eleições municipais, porque envolve, diretamente, as comunidades, as
municipalidades do País.
Então fica aqui, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a nossa manifestação
para dizer que se somos favoráveis e defendemos o princípio democrático, a
realização, observado o cronograma já estabelecido este ano; por outro lado,
rechaçamos com a veemência que se impõe, o mandato-tampão, porque, realmente,
contraria a ordem natural das coisas. E um País como o nosso que enfrenta uma
crise, das proporções que é enfrentada pela Nação, não pode, aí sim, se dar ao
luxo, o falso democratismo de se fazer uma eleição apenas por 2 anos. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Nada mais havendo a tratar,
declaro encerrados os trabalhos.
(Levanta-se a Sessão às 15h51min.)
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